Relação Nitrato : Amônio na nutrição de plantas
O nitrogênio é absorvido pelas plantas tanto na forma
de nitrato (NO3-) como de amônio (NH4+).
O fornecimento de nitrogênio consiste numa combinação dessas formas de
nitrogênio.
Porém é comum, na hora de planejar a nutrição das
culturas e decidir entre as fontes de nitrogênio disponíveis, considerar apenas
a quantidade total do elemento N e então o preço torna-se o fator que pesa e
orienta a tomada de decisão.
É preciso considerar a relação entre as frações
nítrica e amoniacal, já que a relação NO3- : NH4+
afeta tanto o desenvolvimento das plantas como o solo ou meio de cultivo. A
relação nitrato : amônio é variável entre as diferentes espécies de plantas e
além disso, fatores como temperatura, fase da cultura, pH da rizosfera e tipo
de solo também são decisivas para definir a relação nitrato : amônio.
Como a relação nitrato : amônio afeta o pH na
rizosfera?
A rizosfera é superfície do solo em contato com as
raízes das plantas. Quanto maior o volume de raízes, maior a rizosfera.
A relação NO3- : NH4+
na solução nutritiva que fornecemos para as plantas afeta o pH da rizosfera,
principalmente nos meios com baixo poder tampão como solos arenosos, hidroponia
ou substratos inertes (Feigin et. al, 1980).
Quando a planta absorve um íon amônio (NH4+)
para manter o equilíbrio elétrico nas células, um hidrogênio (H+) é
liberado. A medida que a planta absorve NH4+, libera H+.
Quanto mais H+ é liberado, mais baixo fica o pH da rizosfera,
podendo este chegar a valores próximos de 3,5.
Quando a planta absorve um íon de NO3-
para manter o equilíbrio elétrico a planta libera uma hidroxila (OH-)
ou um bicarbonato (HCO3-). Quanto mais nitrato a planta
absorve, mais hidroxila ou bicarbonato ela libera, podendo o pH da rizosfera
chegar a valores próximos de 8 (Marschner, 1995).
Figura 1. pH na rizosfera do Trigo, 14 dias depois de aplicar 200 Kg de N / ha (Römheld, 1986)
"A absorção de nitrato aumenta o pH na rizosfera,
enquanto que a absorção de amônio baixa o pH na rizosfera."
É preciso considerar que o impacto da relação nitrato
: amônio ocorre na rizosfera. O pH da rizosfera pode diferir do pH do solo não
rizosférico em 1 a 2 unidades (Nye,1981). Portanto os valores médios de pH
podem ser enganosos e resultar em conclusões erradas (Imas et al, 1997).
Para evitar essas mudanças bruscas de pH se deve
ajustar a relação nitrato : amônio de acordo com a cultura, fase e temperatura.
Como a temperatura afeta a relação nitrato : amônio?
O metabolismo do amônio consome bem mais oxigênio do
que o metabolismo do nitrato e, em situações de temperatura mais elevada, a
solubilidade do oxigênio na água diminui e o oxigênio fica menos disponível
para as plantas na solução do solo.
O amônio é metabolizado nas raízes, onde reage com
açúcares e estes açúcares precisam ser deslocados das folhas até as raízes. Já
o nitrato é transportado até as folhas, lá reduzido à amônio, e então reage com
açúcares. Na condição de temperaturas mais elevadas a respiração das plantas
aumenta, os açúcares são consumidos mais rapidamente e ficam menos disponíveis
para o metabolismo do amônio nas raízes.
Em condição de temperaturas menores o transporte de
nitrato até as folhas é reduzido e o consumo de açúcares pela planta é menor.
Se por um lado, sob baixas temperaturas, a nutrição
deve ser feita com uma relação nitrato : amônio menor, uma vez que os
açúcares podem facilmente ser transportados até as raízes e o nitrato tem o
transporte reduzido e poderia atrasar o crescimento da planta, já em
temperaturas mais elevadas, a nutrição deve ser feita com uma relação nitrato :
amônio maior.
Como a relação nitrato : amônio afeta a absorção dos
elementos?
A forma de nitrogênio absorvida pela planta, NO3-
ou NH4+, determina o equilíbrio dos cátions e ânions na
planta (Barber, 1984).
A nutrição com amônio diminui a absorção do Ca2+,
Mg2+ e K+ (Marschner, 1995).
A diminuição do pH na rizosfera pode causar toxidez de
Al e Mn, e tem um efeito negativo sobre o crescimento e desenvolvimento do sistema
radicular (Ganmore-Neumann & Kafka, 1980, 1983). A acidificação da
rizosfera causada pela nutrição amoniacal conduz a uma inibição geral do
crescimento causado por toxidez de amônia (NH3+) livre e
induz a deficiência de Ca2+ e Mg2+, toxidez de Al e Mn,
além de desajuste osmótico.
A relação nitrato:amônio desequilibrada induz a
aparição de "podridão" em frutos de tomate e pimentão (Bar-Tal et al,
2001). Essa desordem fisiológica é causada pela deficiência de cálcio na
solução nutritiva. Muitas vezes se induz a uma deficiência, ou seja, apesar de
os níveis de cálcio estarem corretos na solução a planta não consegue
absorver-lo devido a competição com o amônio. Esse tipo de problema não se
corrige aumentando ainda mais o cálcio na solução, porém reduzindo a quantidade
de amônia na solução nutritiva. Cabe ressaltar aqui que a absorção de nitratos,
estimula a absorção de cátions como o cálcio, magnésio e potássio.
As plantas nutridas com NO3- apresentam um maior crescimento e rendimentos
(Ganmore-Neumann & Kafka, 1980, 1983; Imas et al, 1997). Porém o pH da
rizosfera pode chegar a valores maiores que 8, e nesse valor de pH, o fósforo e
os micro elementos precipitam, diminuindo a disponibilidade desses elementos.
Qual a relação nitrato : amônio ideal para cultivos em
solo?
Knight et al, (2000) concluíram que a nutrição com
alto teor de NO3- é melhor em relação à produtividade da
batata, características de qualidade e maior retorno financeiro para o
agricultor, em relação a nutrição com alto teor de NH4+.O
estudo foi conduzido em solos com pH ácido, e a falta de argila e matéria
orgânica nos solos desfavorecem a nitrificação. Foram comparadas três diferentes
relações de nitrato : amônia: 80:20, 50:50, 20:80, para três diferentes níveis
de nitrogênio. Os melhores resultados foram alcançados quando 80% do nitrogênio exigido foi
aplicado como NO3- e 20% como NH4+.
Em situações parecidas onde as relações NO3-
: NH4+ foram comparadas, foram obtidas conclusões
similares em outras culturas em relação ao aumento do desempenho (azevém –
Cunningham, 1963; citros - Van der Merwe, 1953; tomate - Kafkafi et al, 1971).
Eficiência de absorção das fontes nítrica e amoniacal
Em comparação com o amônio, a absorção de nitrato é
mais eficiente. Isso foi demonstrado por Legaz et al, 1996. A pesquisa feita em
citrus, em solo arenoso, demostrou que a
eficiência de absorção do nitrogênio na forma nítrica foi 50% maior.
É importante monitorar o pH e fazer os ajustes
necessários com a orientação de um profissional especializado para maximizar a
produção, a qualidade e a rentabilidade.
Consulte também Nitrogênio em Uvas de Mesa.
Jeverson Magrini
Consultor e Assessor Técnico em Fruticultura Irrigada
Raiz Consultoria
Seus comentários são sempre muito bem vindos.
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